terça-feira, 15 de abril de 2008

Itapuã e seus encantos


“Passar uma tarde em Itapuã, ao sol que arde em Itapuã, ouvir o mar de Itapuã, falar de amor em Itapuã”..., Vinicius de Morais sabia mesmo das coisas.
De origem tupi-guarani, “Itapuã” pode significar “ ponta de pedra”, “pedra que chora”, “pedra que surge”, “pedra que ronca”, “pedra redonda oca”, “harpão curto” e há ainda aqueles que afirmam ser o nome originário de uma homenagem ao comandante também chamado Itapuã, que naufragou há muitos anos, perto dessa pedra.
Nos ônibus, nos becos, nos mapas, nas músicas, nas poesias e em diversos meios de comunicação, chama-se “Itapuã”, mas também ouve-se muito falar em “Itapoã”, “Itapoan” e “Itapuan”.

Famoso pelos quitutes da Cira, o ritmo forte do Malê de Balê, as oferendas nas lagoas do Abaeté, os pescadores e barraqueiros que convivem lado a lado, a sereia esculpida sobre a pedra, a rede lançada ao mar e o farol que ilumina a praia - assim é Itapuã.

Em cada rua, praça ou esquina, é possível remontar um pouco de sua história: nas “Ganhadeiras de Itapuã” com suas roupas coloridas e muita ginga nos quadris, no samba de roda acompanhado de tambores, nos coqueiros, na Casa da Música, onde se encontram os documentos e acervos que remontam a história da música baiana, barcos e jangadas que emolduram um cenário “de um dia para vadiar, de um mar que não tem tamanho e um arco-íris no ar”, tão profetizado e consagrados pelos poetas, fez um antigo lugar de veraneio ganhar, pouco a pouco, ares de um bairro que viria a se constituir como um dos mais célebres de Salvador.

A poucos passos dali, a Lagoa do Abaeté ou, em tupi, “lagoa tenebrosa”, que quer dizer, águas escuras cercada de dunas de areias brancas e formadas pelo acúmulo de areia advinda da praia. Á beira das suas águas doces, ouve-se mitos, lendas e saudações à mãe Oxum e outros oxirás. É caminhando pelas dunas, que se torna possível ver os inúmeros depositários de oferendas e manifestações ao som de bate-estacas e cânticos :

“ Yeyê ô, yeyê ô !”, “É de noite ê/ De noite até de manhã/ Ê de noite ê/ Ouvir cantar pra Nanã....”

.... fazendo da lagoa um misto de magia e beleza que encantam a todos. Com uma profundidade de cinco metros e coloração escura resultante de microorganismos presentes em sua extensão, as margens da lagoa, oferece a lenda de que os sons do atabaque são escutados sem que para isso seja necessário a presença humana naquele lugar.
À noite, a movimentação de pessoas, o apito dos guardadores de carro, o corre-corre dos vendedores ambulantes, a euforia de jovens que se reencontram, o som ao vivo dos barzinhos, a lua cheia que ilumina a noite, o triângulo que dá passagem ao Abaeté, a presença de inúmeros visitantes atraídos pela lenda do bairro, o cheiro dos quitutes africanos com suas diversas iguarias: acarajé, abará, acaçá, vatapá, caruru, passarinha, bolinho de estudante, cocada-puxa; fazem da noite de Itapuã um ponto de encontro de amigos e cenário para se contemplar o mar iluminado pelo farol.


Ah, Itapuã que eu amo tanto...

2 comentários:

i.s. disse...

Só tome cuidado com o mosquito da dengue, viu?

Fabi Oliveira disse...

Pelo visto, se não tiver outra idéia p / a monografia, tá aí: o sertão e/ou Itapuã. Com tanto interesse, parece q faria, rapidinho, rsss.