sexta-feira, 30 de maio de 2008

Resumo do texto: A Natureza do escândalo político- John Thompson

A natureza do escândalo político - Thomson

O autor inicia o texto a partir de algumas reflexões: o que faz um escândalo ser um escândalo político? Quais suas propriedades específicas? E por que são os escândalos tal fonte de preocupação para os líderes políticos ou aspirantes a líderes? Que há, com respeito à natureza da política nas sociedades modernas, que torna o escândalo uma ameaça tão séria para os líderes políticos?
Sabe-se que um escândalo político é todo aquele que envolve um líder ou figura política. É o fato do indivíduo que está no centro do escândalo ser caracterizado como uma figura política destacada. Além disso, para compreender a natureza do escândalo político faz-se necessário não se concentrar apenas no líder político, mas sobretudo levar em consideração, as relações e institucionais sociais em virtude das quais é atribuído o poder político a um indivíduo. Assim sendo, um escândalo político brota não do status dos indivíduos envolvidos, mas da natureza da sua transgressão.
A partir das citações de Markovitz e Silverstein, o escândalo é definido não como um mero rastro na superfície da vida política, mas ligado às características estruturais importantes das sociedades modernas. Assim sendo, os escândalos políticos podem ser vistos como: abusos de poder, transgressão sexual, irregularidade financeira, etc. Em seguida, os autores afirmam que o escândalo pode ocorrer em regimes autoritários existentes no século XX.
Contudo, acredita-se que os escândalos políticos parecem ser bem mais comum em democracias liberais do que em regimes autoritários. Isto é, existem aspectos da democracia liberal que a tornam propensa ao escândalo: relativa autonomia da imprensa (os meios de comunicação possuem independência e liberdade de ação política, podendo assim, discorrer publicamente sobre os escândalos políticos), a reputação como símbolo de virtude ( o escândalo passa a ser usado como trunfo dos opositores políticos durante as campanhas eleitorais), dentre outros fatores que ajudam a explicar por que as democracias liberais estão mais propensas aos escândalos.
Diante do já exposto, compreender a natureza do escândalo político parte do pressuposto de uma análise mais minuciosa do campo político. Desse modo, na democracia liberal, o campo político é caracterizado por uma lógica distinta e baseada sobretudo, no uso do poder simbólico. Além disso, entende-se que a própria mídia pode ser compreendida como um campo de interação possuindo seus próprios interesses, posições e trajetórias profissionais.
Um outro ponto a ser discutido é a relação tensa entre políticos e jornalistas, visto que muitas vezes, as opiniões produzidas por um é discordada do outro. Aliado a isso, tanto políticos como profissionais dos meios de comunicação, procuram monitorar as mudanças de opinião públca, bem como as mudanças nos níveis de apoio a políticas específicas.
O texto também discorre que a maior parte do escândalos políticos surge dentro de uma área onde o campo e o subcampo político se sobrepõem com formas midiáticas de comunicação. Hoje, a maioria dos escândalos políticos, nas sociedades democráticas liberais são escândalos políticos midiáticos sendo caracterizados como lutas pelo poder simbólico na arena midiática da política moderna.

Por que o escândalo politico é mais predominantemente hoje?

A resposta seria por que o escândalo é mais comum nas sociedades liberais e por que este atinge as próprias bases do poder político. Há também uma outra forma de responder essa questão, ao verificar a prevalência dos escândalos não se dever tanto aos padrões morais dos políticos, mas à mudança nos códigos e convenções morais que são empregados no comportamento dos mesmos.
Desse modo, o autor elenca algumas mudanças importantes para a prevalência dos escândalos políticos, tais como:

1) Crescente visibilidade dos líderes políticos
2) A mudança nas tecnologias de comunicação e de vigilância
3) A mudança na cultura jornalística
4) A mudança na cultura política
5) Crescente regulamentação da vida politica.

Considerações Finais

Embora o escândalo tenha se tornado uma característica endêmica da cultura política contemporânea, as condiços sob as quais os escândalos acontecem e as maneiras como eles se desdobram variam de acordo com o contexto. A expansão global dos meios de comunicação ajudou a dar maior visibilidade aos escândalos que se tornaram parte da memória coletiva nas sociedades. Por outro lado, as pessoas podem também achar que os escândalos fugiram do controle e que a mídia está indo longe demais, passando a se preocupar exageradamente com esse fenômeno à medida em que promove uma proporção espetacular ao evento em questão.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Comentário sobre o texto: Internet e participação política em sociedades democráticas- Wilson Gomes

O autor inicia o texto com as discussões sobre os media e o papel efetivo da democracia, apontando a relevância dos meios de comunicação para a resolução do déficit democrático nas sociedades democráticas. Para isso, ele avalia as características essenciais para se atingir uma democracia plena, a saber: a) Possibilitar os cidadãos aos debates políticos, estimulando-os a formar suas próprias opiniões e decisões políticas. b) Promover um volume adequado de conhecimento político através de um estoque apropriado de informações e que sejam suficientes para habilitar o cidadão a níveis adequados de compreensão, de argumentos e posições quanto ao jogo político. Partindo desses pressupostos, atitudes como: desinteresse público na vida política, baixo capital político da esfera civil, informações políticas distorcidas, dentre outros; certamente, deixariam de existir dentro dos princípios democráticos das sociedades contemporâneas. Paradoxalmente, o que acontece, é que o campo político aparece no cenário como sendo incapaz de satisfazer os requisitos da democracia em seu sentido mais amplo. O fenômeno mais comum é que o cidadão possui uma baixa participação política, o que leva a um baixo nível de influência diante das esferas de decisão. Segundo Wilson Gomes, esses déficits estão correlacionados à cultura política dos cidadãos- elementar nas práticas políticas civis. Aliado a esse quadro, entraria em cena as sucessivas ondas de profissionalização das classes representantes da política ou tomadores de decisão: lobistas, jornalistas, consultores, que poriam fim às ações políticas dos cidadãos bem como suas respectivas participações cívicas. Ainda no horizonte da cultura política, há um desconhecimento por parte do público em geral acerca dos processos e conteúdos que orientam o funcionamento da sociedade política. Dessa forma, a democracia dependeria de uma esfera civil mais atuante, para então, se fazer presente. Pois bem, as convicções e representações dos cidadãos no campo político podem ser importantes para a promoção de uma participação mais ativa da esfera civil; promoção da soberania política e consequentemente, extensão das oportunidades de participação democrática dos cidadãos.

DAS RAZÔES DO DÈFICIT DE PARTICIPAÇÂO POLÌTICA
Neste tópico, o autor inicia um questionamento: o que estaria entre a esfera civil e uma participação política com intensidade suficiente para satisfazer a um padrão adequado de democracia? O resultado de sua análise seria portanto, perceber o quanto os debates políticos são comprometidos face às matérias sensacionalistas que são vinculadas pelos que permeiam a esfera pública. Assim sendo, Wilson Gomes afirma que " a participação é desencorajada ou tem diminuída a sua importância pelo desprezo crescente dos representantes políticos, o que deve ser atribuído, em boa parte pelo menos, ao tratamento desdenhoso a que os submetem os meios de massa". De todo modo, sabe-se que o jornalismo devido a forte concorrência das indústrias de informação, vem assumindo características que resultam no sensacionalismo e na simplificação das questões políticas. O resultado produz um baixo teor de informação política, contrapondo-se ao volume considerável de representações provenientes da esfera civil. Assim, o jornalismo diante da indústria da informação, não teria mais a cidadania como sua referência básica, mas sobretudo, voltado ao lucro proveniente do mercado competitivo. Por sua vez, a esfera civil tenderia a não mais conferir credibilidade ao jornalismo e passaria agora a desconfiar de sua veracidade.

O QUE A INTERNET PODE FAZER PELA SITUAÇÃO POLÍTICA?

Com o advento do formato WEB no início dos anos 90, surgiram inúmeras expectativas no que diz respeito à renovação das possibilidades de participação democrática através da internet. Assim sendo, a internet permite;

O contato e pressão da Esfera Civil sobre os seus representantes eleitos.
Formação da opinião pública por parte dos indivíduos.
Engajamento e participação da Esfera Civil nas discussões dos negócios públicosParticipação dos indivíduos nos fóruns eletrônicos sobre deliberação da sociedade política.
A Esfera Civil passa a ter uma visão mais direta da sociedade política e das suas mensagens.

Da mesma forma, a informação política pode chegar ao público por meio das ciberfacilidades – produção de uma informação a custo baixo mas que atinge um público extenso, já que a internet possibilita um efeito direto da esfera de discussão pública no ambiente da comunicação política e também consegue superar o déficit democrático dos meios de comunicação de massa.

“A internet é uma zona neutra onde o acesso a informação relevante que afeta o bem público é amplamente disponível, onde a discussão é imune à dominação do Estado e onde todos os participantes do debate público fazem isso em bases igualitárias.” (Barnet)

I. Superação dos limites de tempo e espaço para a participação política.
II. Extensão e qualidade do estoque de informações on line
III. Comodidade, conforto, conveniência e custo.
IV. Facilidade e extensão de acesso.
V. Sem filtros nem controles.
VI. Interatividade e interação.
VII. Oportunidade para vozes minoritárias ou excluídas.

A PERSPECTIVA DOS CRÍTICOS

Não resta dúvida de que a internet pode fazer muito pela participação política. Embora ainda existam algumas críticas quanto a dimensão do quantidade de conteúdo disponibilizado pela internet, sobretudo com relação a origem e natureza dessas informações veiculadas. O problema diz respeito a seleção, credibilidade, relevância e confiabilidade desse conteúdo.
Um outro ponto a ser observado é a pseudo-idéia de igualdade de acesso dos indivíduos na rede, a fim de aumentar o quociente de participação política. Além deste aspecto, é válido perceber que o sistema político continua fechado e ainda existe a concepção de que a internet pode funcionar para atender os dois lados de uma moeda: democracia e não-democracia.
Dessa forma, o autor acredita que é estúpido responsabilizar a internet na promoção de uma maior participação política por parte da esfera civil. A questão não é tanto como a internet vai mudar a vida política, mas sobretudo, o que pode motivar mais pessoas a ver-se como cidadãos de uma democracia e envolve-los numa democracia.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

A Mídia e o fenômeno da visibilidade pública


Muito se fala da Mídia como sendo a responsável na propagação da visibilidade pública na sociedade contemporãnea. De fato, a mídia possui inúmeras formas de promover a visibilidade do indivíduo, bem como os fatos e assuntos a serem refletidos na esfera pública.
Assim, na busca para dar resposta à relação entre mídia e esfera pública e definir seu papel na formação da opinião pública, Wilson Gomes (1998) chega ao conceito de esfera devisibilidade pública. De forma que, a esfera de visibilidade midiática é constituída pelo conjunto de emissões dos mídia, e que nesse sentido, a possibilidade de maior acesso dos poderosos aos canais da mídia torna-se extremanente relevante, à medida em que se percebe que "tudo aquilo que é visivel passa a existir' e com isso, anulando a possibilidade do que não é visto ter a mesma chance de estar inserido nos debates.